Fim da vida: morte e eutanásia
Resumo
A morte é considerada a maior adversária dos profissionais de saúde, sobretudo dos médicos, que a vêem como falha. Hoje, com os recursos tecnológicos existentes, pode ser possível prolongar a vida por tempo indefinido, em ambientes como as Unidades de Terapia Intensiva, muitas vezes sem levar em consideração a vontade do doente e/ou de seus familiares. As questões relacionadas à morte transpassam os limites individuais e familiares, abrangendo os campos religioso, ético e legal. Neste contexto, a eutanásia é um dos temas que gera polêmica e reflexão sob o ponto de vista bioético. As discussões bioéticas acerca da eutanásia se baseiam nos princípios do respeito à autonomia/qualidade de vida (defensores) e da sacralidade da vida (opositores). O presente artigo tem como objetivo revisar conceitos da morte e da eutanásia, em diferentes perspectivas (histórica, religiosa, legal, entre outros), além de abordar os conceitos de distanásia, ortotanásia, mistanásia e cuidados paliativos. Por fim, discutir e refletir aspectos bioéticos da eutanásia.
Conclusão
Nos dias de hoje, no âmbito assistencial da saúde, muitas vezes trata-se a doença e esquece-se de tratar o doente, de forma holística, buscando não somente o seu bem estar físico, mas também o psíquico e o emocional. Preserva-se a vida a qualquer custo, independente de sua qualidade, em um processo onde os efeitos do tratamento muitas vezes podem ser mais nocivos do que os da própria doença. Neste contexto, questiona-se até quando o poder de escolha e a autonomia do paciente continuarão a ser ignorados pelos profissionais de saúde que o estão “tratando”. E se a medicina não mais travasse uma luta sem fim contra a morte? E se passasse a aceitar a morte como parte da vida biológica da pessoa, como um limite que não pode ser vencido, e uma doença que não pode ser curada? Sem dúvida nenhuma, o papel da medicina seria transformado, através da aceitação e da compreensão do processo de viver e de morrer, proporcionando não somente uma morte digna, mas também uma vida digna aos pacientes.
Autores: Lívia Penna Tabet e Volnei Garrafa
Fonte: https://bioetica.catedraunesco.unb.br/