A Bioética Cotidiana como instrumento de reflexão sobre a atenção à saúde da população LGBT
Resumo
A discriminação por orientação sexual e por identidade de gênero na determinação social da doença faz com que a problemática da atenção à saúde da população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) possa ser percebida também como uma questão de ordem ética. Reconhecendo a Bioética Cotidiana proposta por Giovanni Berlinguer enquanto potente referencial de análise de problemas éticos, propõe-se uma aproximação entre a atenção à saúde da população LGBT enquanto objeto de análise e o referido referencial teórico. Neste sentido, abordam-se inicialmente alguns conceitos que permitem evidenciar a moralidade implicada nas fobias de gênero, notadamente heteronormatividade, homofobia e cisnormatividade, para posteriormente traçar as aproximações possíveis entre a Bioética Cotidiana e a problemática da atenção à saúde da população LGBT. Considerou-se que a Bioética Cotidiana constitui um aparato reflexivo de profunda análise crítica à maneira como as questões de saúde e de vida como um todo são tratadas, podendo-se então incluir em sua pauta as situações atreladas às questões de gênero, discriminação e exclusão social.
Considerações finais
Nesta breve aproximação entre a problemática da atenção à saúde da população LGBT e a Bioética Cotidiana, considerou-se que a última constitui um aparato reflexivo de profunda análise crítica à maneira como as questões de saúde e de vida como um todo são tratadas, podendo-se então incluir em sua pauta as situações atreladas às questões de gênero, discriminação e exclusão social.
A saúde como um direito de todos é um dos principais focos de discussões abordadas por Berlinguer (2004, 1996). Percebe-se que a forma em que os sistemas de saúde se constituem acaba por ser insuficientes quando se pensa em saúde de populações que fogem do padrão cisgênero e heterossexual. Lançar mão de estratégias de inclusão com forte caráter equitativo é condição fundamental para o avanço em direção à superação das iniquidades presentes na triste realidade da vida cotidiana da população LGBT.
À bioética cabe trazer para o centro dos debates as situações da vida cotidiana negligenciadas sistematicamente pelo Estado, pela ciência, pela sociedade. Aos bioeticistas cabe a reflexão contundente acerca da discriminação, do desvalor sofrido por esse grupo social, bem como a ação crítica e comprometida com a inclusão dessas pessoas no sistema de saúde e a transformação das práticas tendo por base a humanização do cuidado.
Autores: Ana Luísa Remor da Silva, Fernando Hellmann, Mirelle Finkler e Marta Verdi.
Fonte: https://bioetica.catedraunesco.unb.br/